Turismo

RECIFE - Capital pernambucana mundialmente conhecida por sua trajetória histórica e cultural


por Koanna K. Pontes
Foto: Flávio Costa

            O METROPOLITANO dá inicio a uma série de matérias neste caderno de turismo. O intuito é focar pólos turísticos nacionais e internacionais, assessorando seus leitores na hora de escolher a cidade na qual irão passar as férias, incentivando turistas e nativos a viajarem pela própria terra, para explorar toda a diversidade de climas, paisagens e culturas existentes no estado. Apoiando o turismo local, destacamos os encantos da cidade do Recife, capital pernambucana também conhecida como: Veneza Brasileira, Cidade Maurícia, Mauritsstad, Mauriceia, Capital do Nordeste e Capital Multicultural do Brasil.
Pernambuco (palavra de origem indígena: do tupi Paranãpuka, que significa “buraco de mar” ou “o mar que bate nas pedras”) teve como seus primeiros habitantes os índios Tupi (Caetés, Tabaiares, Potiguares). Segundo o Censo de 2000, o território corresponde a 98.938 km² e localiza-se no centro-leste da região nordeste do Brasil, às margens do Oceano Atlântico. Já a cidade do Recife (também de origem indígena que significa “arrecife” ou “grande barreira rochosa de arenito que se estende por toda a sua costa, formando piscinas naturais”), banhada pelos rios Beberibe e Capibaribe, é a capital mais antiga do país. Sua extensão territorial possui 219.493 km² divididos em: 67,43% de morros; 23,26% de planícies; 9,31% aquáticas; 8,6 km de praia; 5,58% de preservação ambiental. Além disso, Recife destaca-se como uma das cidades mais populosas do país com 1.561.659 habitantes e uma densidade demográfica de 7.180,2 de habitantes por km², segundo dados divulgados pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – de 2009. A paisagem tropical encantadora possui clima ensolarado e úmido com atmosfera agradabilíssima durante as quatro estações do ano devido à temperatura média elevada de 25,2ºC e altitude de 4m. Há ainda algumas áreas abaixo do nível do mar com latitude de 8º 04' 03''S e longitude de 34º 55' 00''O.
A cidade, fundada em 12 de março de 1537, possui 14 municípios que compõem a área metropolitana do Recife. Nos limítrofes encontramos Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata, Camaragibe, Paulista e Olinda. Já o passado histórico glorioso foi construído pelos colonizadores portugueses, principalmente durante a invasão holandesa no período de 1630 a 1654. Nesse período, destaca-se a administração do príncipe Johann Mauritius Van Nassau-Siegen, popularmente conhecido como Maurício de Nassau, que exerceu a função de governador geral da província, de 1637 a 1644. O militar alemão desembarcou no Brasil a serviço da Companhia das Índias Ocidentais - West Indische Compagnie – para comandar o império holandês nas Américas, do Ceará a Alagoas. Mas foi pelo Recife que ele se apaixonou e ordenou drenagens nos rios, aterrou mangues, construiu igrejas, palácios, parques, pontes, ruas e projetou seu maior legado como a Mauritsstad, a Cidade Maurícia,  bairro que na contemporaneidade conhecemos por Santo Antônio.
Maurício de Nassau também praticou a política de tolerância religiosa entre católicos e calvinistas. Além de permitir a migração da primeira leva de judeus ao Recife e a criação do primeiro templo judaico da America do Sul em 1642, intitulado de Kahal Zur Israel. Também apoiou artistas como os pintores Frans Post e Albert Eckhout a retratarem o novo continente. Na ciência apoiou o médico Willem Piso e o naturalista Georg Marggraf no estudo da fauna e da flora, a farmacopeia local e as doenças tropicais. Na contemporaneidade, o Recife oferece uma excelente infraestrutura em âmbito geral. Portanto, os turistas podem entrar na metrópole por via aérea pelo Aeroporto Internacional do Recife, também nomeado de Aeroporto Internacional dos Guararapes Gilberto Freyre, que tem capacidade para receber anualmente 9 milhões de passageiros e 26 aeronaves simultaneamente.

Hospede-se em um dos excelentes hoteis, pousadas ou hisorts. Depois vá circular pela cidade em transportes públicos como ônibus, trem ou metrô. Visite o Marco Zero, berço do sítio histórico da cidade e local exato onde originou a capital pernambucana, e conheça o Parque das Esculturas de Francisco Brennand, situado no monte dos arrecifes. Depois pegue uma embarcação marítima e, navegando nas águas da Veneza Brasileira, encante-se com a paisagem arquitetônica do período colonial como a ponte Maurício de Nassau –a primeira ponte de grande porte do Brasil e a mais antiga da América Latina. Mas não esqueça de comprar as lembrancinhas para os parentes e amigos em lojas ou mercados públicos que dispóem de uma grande variedade do artesanato local.

Participe do Recife Sabor e Arte que homenageia a arquitetura local na criação e ornamentação dos pratos. O festival gastronômico valoriza as iguarias regional e cosmopolita que acontece nos melhores restaurantes da cidade, sempre no mês de setembro. Assim, os apreciadores da culinária nordestina como os filhos da terra e os turistas dos quatro cantos do mundo que não param de chegar à capital pernambucana poderão degustar um vasto cardápio da tradicional comida típica. Esta, por sua vez, ocupa a terceira posição no ranque brasileiro, sendo maior pólo gastronômico do Nordeste, mesclando iguarias regionais e cosmopolitas ao criarem cardápios saborosíssimos de dar água na boca.

Outra excelente opção é o Circuito da Comedoria, organizado pela Prefeitura da Cidade do Recife, sempre nas tardes de sextas e sábados de junho. O festival gastronômico acontece nos mercados públicos da Boa Vista, Cordeiro, Encruzilhada e Madalena com a participação de 60 bares que produzem a autêntica comida regional. São receitas aprendidas com a vovó, herdadas dos primeiros povos colonizadores do território pernambucano como: sarapatel, feijoada, arrumadinho de mortadela com calabresa ou de charque, dobradinha, fava com charque, entre outras opções. Para completar, as deliciosas refeições regionais são servidas ao som do contagiante forró pé-de-serra, chorinho e até MPB. Enfim, é um verdadeiro intercâmbio cultural gastronômico que acontece em toda capital pernambucana ao encantar a todos e deixar um gostinho de quero mais nos apreciadores desta arte culinária.

Para relaxar, visite a praia de Boa Viagem que possui aproximadamente 7 km de extensão territorial, protegida, em algumas partes, por uma barreira de arecifes naturais que originou o nome da cidade. À noite, aproveitando a estada na Capital Multicultural do Brasil, informe-se sobre o Movimento Manguebeat. Dê uma repaginada na agenda cultural local e programe um belíssimo roteiro cultural. Assim, o tempo será mais proveitoso, permitindo ao turista contemplar os talentosos artistas pernambucanos em uma infinidade de opções como: espetáculos teatrais, shows, musicais, festivais de dança folclórica de origem europeia, africana e indígena. Enfim, são produções de excelente qualidade e valem a pena ser apreciados.

Caia no frevo durante o mês de fevereiro e brinque o carnaval de rua no Galo da Madrugada que, segundo o Guinness Book, é o maior bloco carnavalesco de rua do mundo, reunindo mais de um milhão de foliões no bairro de Santo Antônio, há 38 anos. Já no Recife Antigo, divirta-se ao som do imortal frevo e aprecie dançando desfiles de fantasias, apresentações carnavalescas de troças, agremiações, blocos, maracatus, afoxés, caboclinhos, samba, ciranda, coco-de-roda e até rock, reggae, manguebeat. Todos os bairros da cidade do Recife participam como pólos de animação, cada um com sua respectiva programação. Este projeto é uma iniciativa inovadora, do governo do estado de Pernambuco, que tem a intenção de descentralizar o carnaval e distribuir shows por toda a região oferecendo, assim, um leque de opções para satisfazer a todos. Portanto, venham todos aproveitar esta maravilha de cidade com todos os encantos que ela tem a oferecer. Aproveitem!

PONTOS TURÍSTICOS
Praiasem Boa Viagem, visite 7 quilômetros de extensão territorial com piscinas naturais entre a areia e os arecifes. Paisagem que encanta a quem se atreve a mergulhar neste belo paraíso com 30 barcos naufragados como: Areial São Martim, Pirapama, Alfama de Lisboa, Vapores intitulados de 48, Bahia, Flórida e até um avião que caiu no mar (B18).
Construções Sacras (1687 – 1976) - contemple a exuberante arquitetura dos prédios (Basílica, Convento, Capela, Catedral, Igrejas) que possuem estilo colonial, traços barrocos com pinturas expressivas.
Museu do Homem do Nordeste (1979) - fundado por Gilberto Freyre, o museu histórico-antropológico abriga um acervo riquíssimo com o histórico da região Nordeste com 15.000 peças que foram herdadas dos povos indígena, europeu e africano dos séculos XVIII e XIX, além de contribuir com a Diretoria de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco por pesquisar, documentar e preservar o patrimônio cultural do Nordeste.
Mercados Públicos (1875-1998) são 17 endereços distintos que revelam a identidade do povo pernambucano, ao descrever a cultura local através de hábitos do cotidiano. Localizados nos bairros de São José, Boa Vista, Madalena, Casa Amarela, Santo Antônio, Santo Amaro, Encruzilhada, Água Fria, Nova descoberta, Afogados, Pina, Coelhos, Beberibe, Jordão e também na área de lazer da Unicap (Universidade católica de Pernambuco), Centro UR-1/ Policlínica, Mercado das Frutas e das Flores.
Teatros – extravase emoções! Contemple os dramaturgos que compõem a cena local entre uma infinidade de espetáculos. São produções de excelente qualidade para crianças e adultos em cartaz no: Barreto Junior, Guararapes, Apolo, Capiba, Hermilo Borba Filho, do Parque, Valdemar de Oliveira, Mamulengo Só-Riso, Fernando Santa Cruz, Armazém 14, Santa Isabel, da UFPE, Arraial, Joaquim Cardoso, Marco Camarotti.
Fortes (1629-1737) – conheça as oito construções que foram erguidas em pontos estratégicos à beira-mar que garantiram a proteção da cidade contra possíveis invasores. São prédios tombados como patrimônio histórico que abrigam belíssimos museus e entre eles estão: Cinco Pontas, Brum, São Francisco, Pau Amarelo, Orange, Tamandaré, Castelo Mar, Nossa Senhora dos Remédios.
Ponte Maurício de Nassau (1917) – vá caminhar sobre a ponte mais antiga do país, construída pelo príncipe alemão Maurício de Nassau que cobrou pedágio da população local para atravessá-la e apreciarem a magnífica visão do ‘Boi Voador.’
Oficina de Francisco Brennand - ateliê e museu que contém esculturas com figuras mitológicas, históricas e literárias. Além de possuir um belo jardim projetado por Burle Marx com lagos e fontes.
Casa da Cultura (1848) - construída para ser um presídio, a belíssima arquitetura do período colonial, atualmente esbanja todo o seu charme com uma excelente infraestrutura ao dispor de restaurantes, exposições, auditórios, museus e lojas que vendem o artesanato local.
Pátio de São Pedro – no pequeno largo, confira as construções coloridas do período colonial. Também vá à casa do carnaval que dispõe de um belo acervo das agremiações carnavalescas do Recife.
Recife Antigo ou Bairro do Recife (XVI) – visite o centro histórico no bairro mais antigo da cidade, pólo cultural de animação no carnaval. Na praça Rio Branco, vá ao Marco Zero, ponto de origem da cidade do Recife, consequentemente a população e o primeiro porto para abastecer a capital.
Torre Malakoff (1855) – conheça o Observatório Astronômico e Portão Monumental do Arsenal da Marinha, tombada em 1992 como monumento histórico, aberto ao público diariamente desde 2000. Na contemporaneidade é a sede da Coordenadoria de Música da Fundarpe - Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco e do projeto Observa e Toca Malakoff. O prédio abriga um espaço cultural que expõe uma infinidade de trabalhos artísticos, além de promover constantemente exposições, festivais, oficinas e cursos no mesmo seguimento.
Sinagoga Kahal Zur Israel (XVII) – visite a primeira sinagoga das Américas, a reconstituição da sagrada Congregação Rochedo de Israel e sede do Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco, fundada durante o domínio holandês, e que teve Isaac Aboab da Fonseca como seu primeiro rabino. Atualmente o templo abriga o Centro Cultural Judaico de Pernambuco, onde estão expostos restos de paredes, pisos e poços da época, além de uma rica documentação sobre a trajetória do povo judeu no estado pernambucano.
Horto Zoobotânico de Dois Irmãos – área de preservação ambiental da fauna e da flora que abriga um museu de Ciências Naturais.

COMO CHEGAR
Via aérea: o Aeroporto Internacional do Recife, nomeado de Gilberto Freire, é a principal porta de entrada para o estado pernambucano. Localizado no bairro da Imbiribeira, encontra-se a 11 km do centro da cidade.
Via terrestre: entre em Recife pelas principais rodovias federais.


Fontes:www.cidadedorecife.com.br/www.recife.pe.gov.br/www.memorialpernambuco.com.br/ www.fundaj.gov.br/ pt.wikipedia.org